"Para o que o suor não me deu O fogo do amor ensinou Ser o barro embaixo do sol Ser chuva lavrando sertão Qual aleijadinho de sabará E a semente das bananas
Para o que não tem solução A sede do peixe ensinou Não me vale a água do mar Nem vinho, nem glória, navio Nem o sal da língua que beija o frio Nem ao menos toda raiva
Para o que não tem mais razão A calma do louco ensinou A dizer nada
Para o que não tem mais nada A calma do louco ensinou A dizer razão"
Eu preparo uma canção
Em que minha mãe se reconheça
Todas as mães se reconheçam
E que fale como dois olhos
Caminho por uma rua
Que passa em muitos países
Se não me vêem, eu vejo
E saúdo velhos amigos
Eu distribuo segredos
Como quem ama ou sorri
No jeito mais natural
Dois carinhos se procuram
Minha vida, nossas vidas
Formam um só diamante
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas
Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças
Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens